IoT: os dispositivos são mesmo inteligentes?

Mais de 15 bilhões de dispositivos já estão conectados à Internet das Coisas. A expectativa é de que esse número triplique até 2021, chegando a 46 bilhões de unidades, segundo dados da Juniper. Os equipamentos ligados à IoT (do inglês Internet of Things) costumam ser chamados de objetos “inteligentes”. Mas há realmente inteligência no uso desses dispositivos?

A resposta é: depende. IoT está baseada nos conceitos de conectividade e inteligência, mas esse segundo aspecto nem sempre tem sido priorizado pelas empresas. Ter milhares de sensores em uma fábrica podem dar a sensação de que tudo está sob controle. No entanto, se os dados coletados não forem utilizados para alcançar a excelência operacional, tanta informação irá gerar somente desperdício.

Temos destacado aqui no Excelência em Pauta a premência do uso da tecnologia nas empresas brasileiras. Seja pela IoT, seja com soluções de business intelligence ou machine learning, o fato é que não se pode perdem o trem da História.

Contudo, insistimos em apontar também que nenhuma tecnologia é eficiente por si só. A escolha das ferramentas que serão utilizadas em uma organização precisa estar alinhada com a estratégia do negócio. Da mesma forma, para que sua aplicação seja inteligente, elas devem maximizar os resultados a partir dos recursos investidos.

O rápido avanço da IoT tem avolumado a quantidade de dispositivos “inteligentes” ao nosso alcance. O fato é que muitas vezes os equipamentos e softwares não falam a mesma língua, ocasionando dificuldades que travam processos e impedem sua melhor utilização. Essa questão tem sido apontada como uma das principais barreiras para a IoT 2.0.

Interoperabilidade na IoT

Se o barateamento dos dispositivos é um dos principais motores da popularização da IoT, com o aumento exponencial de dispositivos conectados, é imprescindível que eles possam se comunicar. Estudo da McKinsey apontou que “a interoperabilidade entre os sistemas IoT é crítica”.

Mais de 40% de todo o valor potencial associado à Internet das Coisas requer interoperabilidade entre os sistemas.

A padronização é um dos principais gargalos para a interoperabilidade da IoT. Os softwares devem ter a capacidade de transmitir e receber informações de forma correta, ou seja, emissores e receptores devem compreender os dados a partir da mesma perspectiva. A complexidade da IoT, que vem sendo desenvolvida em segmentos diversos, dificulta a padronização também dos protocolos. Os sistemas aplicados em veículos automatizados, por exemplo, podem ser diferentes dos adotados nos sensores do agronegócio.

Essa diversidade vem exigindo que os desenvolvedores e fabricantes se unam para buscar soluções mais uniformes. O esforço tem sido feito também na área de processamento de dados, já que o volume do Big Data se torna gigantesco. Para dar conta de tanta informação, vai ser preciso agregar inteligência às máquinas, de forma que possam ter capacidade cognitiva. Ou seja: que possam aprender a lidar melhor com os dados que coletam e processam.

Sistemas de IoT precisam oferecer soluções inteligentes para o usuário

Inteligência para o usuário

Imagine que você tem uma cafeteira que sabe a hora que você vai despertar e, no momento exato, começa a produzir aquele bendito líquido preto. Maravilha, né? Como respondemos à pergunta anterior: depende. Se o café sair sem gosto ou morno, não vai fazer ninguém muito feliz.

É por exemplos como esse que a IoT precisa estar voltada não somente à automatização, como também e principalmente à satisfação do usuário. Como no caso da fábrica que tem centenas de sensores e não usa os dados disponíveis, a cafeteira “inteligente” se torna inútil (e dispendiosa) se não oferece um café de excelente qualidade.

Seguindo a lógica de business intelligence, ao buscar a incorporação da IoT em sua empresa, você deve focar naquilo que o negócio precisa. O que agrega valor ao meu cliente? Quais variáveis preciso controlar na produção? O que desejo saber sobre o consumidor ou sobre a utilização do meu produto?

A Internet das Coisas não deve ser um fim em si mesma, e sim um meio para obter eficiência operacional. Ela oferece infinitas possibilidades de otimização do negócio, mas para isso precisa estar focada no usuário e nos benefícios que este pode obter. Isso algumas vezes pode até mesmo mudar o perfil do produto oferecido, ou mesmo o formato da empresa. Lembre-se que a cultura organizacional precisa estar adaptada à era digital!

IoT na prática

Se a IoT se desenvolveu a partir da pesquisa tecnológica, seu avanço depende agora do foco nas pessoas, nos benefícios que elas podem obter com a tecnologia. Cidades inteligentes, que funcionam de maneira mais racional e econômica, são um bom exemplo desse direcionamento. Assim como aplicações em áreas como saúde, agronegócio e serviços ao diretos ao consumidor.

“A conexão via internet de forma simétrica entre coisas e pessoas precisa acontecer de modo balanceado.” Fabio Gandour, cientista-chefe da IBM Brasil

Veja algumas soluções de IoT realmente inteligentes:

  • A Accenture criou para a Ducati um aplicativo móvel que simula e monitora o desempenho de uma motocicleta em diferentes ambientes e condições meteorológicas. Os mais de 40 sensores identificam dados como velocidade, rota e condições de funcionamento do equipamento. As informações são processadas e disponibilizadas aos engenheiros da Ducati. Assim, podem assim experimentar diferentes configurações na motocicleta e melhorar sua performance nas corridas.
  • Por mais complexos que sejam os sistemas e hardwares, seu uso só ganha sentido quando útil na vida das pessoas. E há utilidade maior que evitar o acúmulo de lixo nas cidades? Diversas empresas já desenvolveram sensores de lixeiras, ou seja, dispositivos que avisam quando é hora de o lixo ser retirado.
  • Um profissional da SAP desenvolveu uma tecnologia IoT que pode ajudar na preservação das abelhas, problema mundial. Apicultor amador, Andreas Nickel criou um sistema que envia um alerta quando acontecem alterações no peso das colmeias. A ideia é que os sensores auxiliem a acompanhar fatores como temperatura, umidade e volume de néctar coletado. Boa notícia para a saúde do planeta!

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Edição: Svendla Chaves – jornalista

Imagens: Jeferrb e Kalhh/Pixabay

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