Kaizen, Lean e Seis Sigma

Kaizen, Lean ou Seis Sigma? Quando e como usar

Quando falamos de melhoria contínua, com frequência esses três conceitos aparecem: Kaizen, Lean e Seis Sigma. Embora tenham origens similares e compartilhem filosofias, cada um tem suas peculiaridades. Enquanto o Kaizen e o Lean surgiram a partir de experiências de empresas japonesas, o Seis Sigma foi desenvolvido nos Estados Unidos. Ainda assim, passou a ser associado às ferramentas das filosofias orientais, por sua proximidade conceitual.

Os três processos são baseados na lógica de melhoria e incluem ciclos de avaliação, definição de métricas, aperfeiçoamento e monitoramento. Há muitas semelhanças entre eles, e mesmo algumas sobreposições. No entanto, seu uso adequado demanda a compreensão de suas diferenças e sinergias. Assim, podem ser aplicados nas situações e momentos mais precisos, tanto para aumentar a produtividade quanto para diminuir desperdícios. Todos são focados no aumento da eficiência e da qualidade, ou seja, objetivam a excelência operacional.

Muitos especialistas são rígidos na utilização de uma ou outra abordagem, muitas vezes desmerecendo aquela que não está em seu escopo. Contudo, como já destacamos inúmeras vezes aqui no Excelência em Pauta, cada empresa deve entender quais são suas necessidades e contextos, para escolher as soluções mais apropriadas para seu negócio. Essa premissa vale muito na hora de avaliar o uso de Kaizen, Lean e Seis Sigma. São processos desenhados para abarcar diferentes horizontes, ainda que tenham lógicas comuns.

Para apontar algumas das diferenças, começamos apresentando cada um desses conceitos.

Kaizen

O Kaizen se origina de dois ideogramas japoneses, cujo significado é “mudança para melhor”. Mais que um método, é uma filosofia, que se baseia, como seu nome diz, na melhoria contínua. Surgiu nas fábricas japonesas depois da Segunda Guerra Mundial, em um esforço que as levou a obter resultados impressionantes. Sua abrangência, no entanto, pode ser levada a todos os aspectos da vida, não só aos negócios. Está baseado em duas crenças:

Tudo sempre pode ser melhorado.

Pequenas mudanças contínuas geram grandes melhorias no longo prazo.

É mesmo uma mudança de mentalidade, que propõe 1% de melhoria a cada dia. Embora a proporção pareça pequena, uma empresa que consiga aplicá-la terá o dobro de produtividade… em menos de três meses! O objetivo do Kaizen, entretanto, não é exatamente esse. A ideia é que se mude a cultura da organização, introjetando a filosofia de melhoramento em todos os níveis.

Lean

O Lean Manufacturing, ou Manufatura Enxuta, foi nomeado a partir de estudos norte-americanos sobre a indústria automobilística. Nesse contexto, obteve destaque o Sistema Toyota de Produção, desenvolvido pela empresa de mesmo nome no Japão. Como se vê, Kaizen e Lean têm origens comuns.

Também conformado como uma filosofia, o Lean é baseado no mapeamento do fluxo de valor de um negócio ou processo. A partir disso, se dedica a buscar formas de fazer mais com menos, sempre com atenção às necessidades do cliente. Tem como foco:

Organizar processos com fluxos contínuos.

Reduzir prazos e desperdícios.

Aumentar a satisfação do cliente.

Embora tenha surgido na indústria, hoje a filosofia também é chamada de Lean Enterprise ou Lean Business System. Dessa forma, pode ser aplicada a diversos setores ou áreas de uma empresa ou organização.

Saiba mais sobre o Lean.

Kaizen é base de mudança organizacional

Seis Sigma

Baseado em métodos estatísticos, o Seis Sigma congrega diferentes ferramentas que têm como objetivo a redução de falhas. A meta é chegar a uma taxa de erro menor que 0,0004% na produção (nível Seis Sigma). Uma de suas bases é o DMAIC, metodologia que estrutura o processo em cinco etapas: definir, medir, analisar, melhorar, controlar.

A partir de suas ferramentas, o Seis Sigma oferece resultados consistentes e confiáveis. Seu principal foco é a garantia da qualidade em um processo.

Saiba mais sobre o Seis Sigma.

Kaizen: a base de mudanças consistentes

Quem nos acompanha conhece as peculiaridades do Lean e os benefícios da metodologia Seis Sigma. Primordialmente destacamos que para que ambos obtenham sucesso é preciso uma mudança na cultura organizacional. Pois bem: essa mentalidade que precisa ser implantada é justamente o cerne do Kaizen.

A fim de colocar em prática as ferramentas trazidas pelo Lean Seis Sigma, a organização precisa estar voltada para a melhoria contínua. Não apenas as lideranças, ainda que elas sejam primordiais. Não apenas os técnicos, que certamente são necessários para a correta implantação do processo. Não só os colaboradores que terão de preencher planilhas e usar cada instrumento. Toda a empresa precisa executar cada ação, cada gesto buscando o aperfeiçoamento de seu trabalho cotidianamente.

No momento em que todos estão engajados nessa postura, fica mais fácil implementar o Lean. Ambas as filosofias servirão de base para que o Seis Sigma possa resolver inicialmente os problemas mais complexos. Com o tempo, os processos se integram, e cada recurso é utilizado de acordo com o nível de complexidade e de importância de cada desafio. O prazo necessário para efetivar as mudanças também será definitivo para escolher o caminho a seguir. É provável que melhorias mais urgentes precisem de maior esforço no Lean Seis Sigma. Mas se a base do Kaisen já estiver feita, tudo será feito de forma mais harmônica.

Em suma: o Kaizen é tão efetivo em resultados que pode ser usado mesmo em nossa vida pessoal. A ideia de que tudo sempre pode ser melhorado começa na empresa e se torna uma filosofia de vida. A compreensão de que não são necessárias revoluções, e sim pequenos atos cotidianos, para progredir de maneira ininterrupta. Se colocamos o Kaizen em prática, podemos aprimorar nosso trabalho, nossa casa, nosso bairro… e quem sabe até mesmo nosso país?

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Edição: Svendla Chaves – jornalista

Imagens: Rawpixel.com e Onlyyouqj/Freepik