Trabalho padronizado oferece segurança aos processos

Trabalho padronizado gera produtividade

No Sistema Toyota de Produção, o trabalho padronizado é um dos principais recursos para garantir qualidade e redução de desperdícios. Uma vez que o processo é documentado e controlado de acordo com os padrões, eliminam-se as variações. Se um processo falha, verificar se o “standard work” foi cumprido é o primeiro passo. Dessa forma é possível identificar razões para o erro e buscar a melhoria contínua.

Além da garantia de qualidade e economia, o trabalho padronizado proporciona outras vantagens para a linha de produção. Segurança e ergonomia estão entre eles, pois é possível orientar as atividades de acordo com esses critérios. A visualização clara das tarefas beneficia gestores e operadores, proporcionando nivelamento de carga, fluxos e recursos. Por outro lado, contribui para a estabilidade dos processos e dá consistência a toda a operação.

Existem maneiras diferentes de executar uma atividade, e algumas delas são melhores que outras. Para organizar o trabalho padronizado, não basta sentar perante o computador e escrever um manual. Na verdade, essa pode ser a forma mais desastrosa de implementação. Para estabelecer os padrões, é preciso buscar informação com as pessoas que realmente fazem o trabalho. Documentar, de maneira simples e precisa, o trabalho de cada um dos postos de operação da linha de produção.

Como acontece com outras ferramentas do Lean, a maior dificuldade para adoção do trabalho padronizado é a resistência dos colaboradores. Também por isso é importante contar com o apoio das equipes na padronização. As pessoas se sentem mais inclinadas a aceitar um novo processo quando fazem parte de sua criação.

A importância do takt time no trabalho padronizado

Entre os aspectos determinantes do trabalho padronizado está o fator tempo. Para entender o porquê, basta pensar na reposição de pneus da Fórmula 1. Quanto mais padronizada e harmônica for a ação da equipe, mais rápida e eficaz será a execução da tarefa. E isso é fundamental em uma corrida!

O takt time tem muito a ver com essa harmonia necessária. A palavra takt vem do alemão e significa relógio, compasso. Como o compasso que rege uma orquestra, o takt time é o tempo de produção necessário para atender à demanda, o ritmo do mercado. Ou seja, o tempo operacional líquido dividido pela necessidade do cliente.

Por exemplo: se para atender a um pedido você precisa produzir 100 peças por dia, e o tempo operacional líquido da máquina é de 10 horas – lembrando aqui que devem ser descontados os tempos de parada –, o takt time de cada peça é de 6 minutos. Com base nisso, o trabalho padronizado deverá ser estruturado nesse ritmo. Se a operação não pode ser feita nesse tempo, por motivos técnicos ou humanos, você precisará ajustar seus recursos.

Se a produção é possível, como deve atuar o operador para produzir uma peça a cada 6 minutos? É aí que entra o trabalho padronizado. A operação da máquina, os movimentos que serão feitos: esses são aspectos que devem ser documentados. Também é preciso dar atenção ao sequenciamento do processo, ao estoque necessário e às atividades de manutenção. Todos esses fatores vão garantir que o takt time seja cumprido.

Trabalho padronizado oferece segurança aos processos

Ferramentas para o trabalho padronizado

Afirmamos com frequência que cada negócio deve encontrar as soluções mais adequadas para suas atividades. O mesmo vale para o trabalho padronizado. Algumas ferramentas, no entanto, podem agilizar processos de forma simples. Entre elas estão o Quadro de Capacidade do Processo, a Tabela de Combinação do Trabalho Padronizado e o Diagrama de Trabalho Padronizado.

Para começar o trabalho padronizado, é preciso conhecer a capacidade de produção. O Quadro de Capacidade vai auxiliar nessa tarefa, fazendo o registro dos postos de trabalho. É preciso saber a velocidade de cada máquina, e ainda o tempo necessário de trabalho manual. São esses dados, relacionados ao takt time, que vão ajudar a construir os padrões de operação.

O Quadro de Capacidade pode ser feito em uma planilha do Excel, com a lista das máquinas e/ou postos de trabalho. Isso permitirá relacionar o takt time com a produção de forma automatizada. Ao mesmo tempo, indicará o volume de pessoal necessário para atingir as metas.

Já a Tabela de Combinação relaciona os tempos de trabalho manual, caminhada do operador e trabalho de máquina na sequência de um processo. Por fim, o Diagrama de Trabalho é um documento que deve estar visível, com o layout do processo como um todo. Esse último será ajustado conforme as demandas de produção.

Não amarre o padrão

O trabalho padronizado só tem sentido se associado ao Kaizen (melhoria contínua). Pretende-se, a partir dele, identificar problemas existentes e suas soluções. Assim, não faz sentido dedicar tempo e recursos a manuais infindáveis e de difícil compreensão. O melhor caminho é documentar os padrões de maneira simples e compreensível por todos, preferencialmente em formulários curtos, de não mais que uma página.

Acima de tudo, conte sempre com a participação dos colaboradores e o estímulo à proposição de melhorias. Além de aumentar o engajamento, isso permite que o negócio se desenvolva a partir da visão de quem mais entende sobre os processos. Ademais, a padronização nunca deve tirar o espaço para a criatividade e a inovação.

Ao mesmo tempo, vale lembrar que só devem ser padronizados processos que já estão estabilizados. Em suma: que já apresentem padrão de repetição, conformidade e qualidade. Risco maior que trabalhar sem padrão é o de padronizar a ineficiência! Para garantir sua aplicação, invista no controle visual. Assim, qualquer pessoa que andar pela empresa vai poder entender seu funcionamento, e todos terão acesso ao processo do qual fazem parte.

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Edição: Svendla Chaves – jornalista

Imagens: Thaiane Oliveira e Ainthome/Pixabay

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