Mark Zuckerberg anunciou nesta semana seu novo projeto de infraestrutura financeira baseada em criptomoeda e blockchain. Alicerçada por gigantes mundiais como Mastercard, Visa, eBay e PayPal, a nova moeda, denominada Libra, está dando o que falar. Como stablecoin, poderá alcançar a adoção em massa, já que se baseia em mecanismos de redução de volatilidade. Assim, com o gigantismo dos investidores, a novidade tem potencial para realmente transformar os meios de pagamento no mundo real.
Uma notícia como esta pode levar a pensar que as criptomoedas e o blockchain atingem sua maturidade. Na prática, no entanto, as empresas ainda estão descobrindo como melhor aproveitar as vantagens dessas ferramentas.
Segundo pesquisa da Gartner, apenas 11% dos CIOs estão trabalhando com projetos de blockchain no curto prazo. O interesse na tecnologia ainda é alto, mas os resultados iniciais não estão atendendo às expectativas dos negócios. Alex Pradhan , analista de pesquisa da Gartner, a maioria dos projetos não sai da fase piloto, por uma combinação de “imaturidade tecnológica, falta de padrões, escopo excessivamente ambicioso e um mal-entendido de como blockchain poderia ou deveria realmente ajudar a cadeia de suprimentos”. Inevitavelmente, isso estaria causando uma “fadiga” da ferramenta no mercado.
A transformação digital é hoje uma obrigação competitiva. Esse caminho, contudo, ainda está sendo desbravado no mundo dos negócios. Não há benchmarks nos quais se apoiar, já que todos querem ser inovadores. Além disso, o que funciona em uma empresa pode não funcionar em outra.
Dessa forma, sabemos que não há futuro fora do digital, mas não temos segurança em que investir. A filosofia Lean, nesse sentido, é uma salvaguarda para não perder dinheiro no percurso da transformação digital. Manter a atenção na produtividade e naquilo que gera valor para o cliente seguem sendo estratégias de excelência operacional.
Os erros no caminho do blockchain
Muitas empresas de diversos portes têm falhado na transformação digital. Se para os empreendedores de pequeno e médio porte o investimento – e o prejuízo – pode ser muito alto para o tamanho do negócio, também grandes empresas sofrem com esse desafio. Grandes players foram surpreendidos na última década por apostar alto em iniciativas digitais que não deram o devido resultado. GE, Lego e Nike são alguns dos exemplos, só para citar nomes conhecidos.
Um dos principais erros encontrados é esquecer-se que a tecnologia digital não é essencialmente uma garantia de sucesso ou salvação. Os tradicionais fatores atrelados ao negócio seguem sendo igualmente importantes. Outra falha comum é perder de vista o setor em que se atua. Embora o avanço digital venha sendo pautado pelo uso de benchmarks de setores diversos na tentativa de buscar-se a disrupção, é importante levar em conta o ritmo do próprio mercado.
O encantamento pela transformação digital pode custar caro demais. De acordo com a Gartner, as empresas de supply chain – um dos principais mercados para o blockchain – estão sendo forçadas a executar vários pilotos de tentativa e erro para encontrar aqueles que possam fornecer valor. Até 2023, 90% dessas iniciativas estarão esgotadas pela falta de cases consistentes de uso.
Uma série de juízos equivocados aparece na lista feita pela consultoria sobre os erros mais comuns nos projetos de blockchain. Supor que a tecnologia esteja pronta para uso; que tenha interoperabilidade garantida; que é um aplicativo completo; que funcione como um banco de dados. A falta de compreensão sobre os recursos proporcionados também causa a subutilização da ferramenta. Na área de contratos inteligentes, por exemplo, a Gartner recomenda que os CIOs não devem planejar a adoção completa ainda, pois está em amadurecimento.
E o que o Lean tem a ver com blockchain?
A verdadeira transformação digital é aquela na qual o próprio negócio se transforma. Isso tem a ver com estratégia, com modelo operacional e também com a cultura da empresa. Aspectos que são profundamente relacionados com a filosofia Lean.
Dessa forma, pensar um negócio na era digital é pensar em uma nova forma de atuar, focada nas necessidades das pessoas. Isso só pode ser feito associando capital humano, tecnologia e processos de negócios. Não funciona de forma fragmentada, acrescentando-se um dispositivo aqui ou uma ferramenta ali. O fluxo de valor para o cliente, espinha dorsal do Lean, é o que comanda a estratégia como um todo. Essa foi a base de trabalho de Steve Jobs, por exemplo.
Sem dúvida, o blockchain oferece inúmeras vantagens para as empresas. Ele foi projetado para criar uma fonte segura de histórico de transações, que não pode ser editada, gerando confiança. Ele facilita o comércio internacional, os contratos, as certificações. Mas ele não é uma solução para todos os negócios.
Como demonstra a Gartner, ainda há muitos desafios na implantação do blockchain. Assim, ele pode hoje trazer valor para negócios específicos, mas não está maduro o suficiente para todos os setores. Por outro lado, boa parte das empresas também não tem um nível de transações que justifiquem investir na ferramenta. O setor financeiro já está profundamente conectado com o blockchain; a indústria de bens de consumo, de outra parte, ainda pode levar um tempo para surfar esta onda. É preciso manter-se atento ao que a tecnologia oferece, e as empresas que realmente pensam Lean vão prestar atenção na evolução do blockchain, porque a tecnologia oferece economia de tempo e recursos. Mas, sobretudo, estarão atentas à sua própria estratégia, ao seu modelo operacional e à sua governança digital. E, fundamentalmente, àquilo que gera valor para o cliente.
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Edição: Svendla Chaves – jornalista
Imagens: Pete Linforth/Pixabay
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.