Os conceitos de inovação e criatividade são comumente associados a uma ideia de caos ou casualidade. É aquele insight, o momento de dizer “eureka”!
No entanto, se as ideias inovadoras podem ser imprevisíveis, elas também precisam de um ambiente propício para se desenvolver. É nesse cruzamento que inovação e Lean Six Sigma (LSS) se encontram.
Por seu objetivo de eliminar as falhas dos processos, o Six Sigma já foi acusado de sufocar a inovação. Isso porque muitas vezes as ideias criativas surgem por acaso, a partir dos erros cometidos. Por outro lado, a inovação hoje é tão fundamental para o desenvolvimento das empresas que não é mais possível ficar esperando que ela surja acidentalmente na próxima esquina. As organizações estão apostando fortemente nessa premissa e incrementando suas estratégias.
Inegavelmente, a excelência operacional permite mais inovação. Ao reduzir o desperdício, ela libera tempo e recursos financeiros para a concepção de ideias inovadoras. Além disso, o LSS é mais do que apenas um método de melhoria. Ele incentiva a mudança da cultura organizacional, com práticas e ferramentas que estimulam a geração de conhecimento na empresa.
Berço do Lean, a Toyota nunca deixou de inovar. A filosofia Lean obriga as pessoas a pensarem no porquê de cada coisa e a não se acomodarem no aqui-sempre-foi-assim. Melhoria contínua e inovação são conceitos diferentes, mas o hábito de estimular a primeira certamente abre as portas para a segunda. Veja a seguir o que as estratégias de inovação e o LSS têm em comum.
1 – LSS estimula cultura da inovação
Em primeiro lugar, o Lean Six Sigma promove a inventividade no trabalho, a autonomia dos colaboradores e a busca da perfeição. Em segundo, os colaboradores se sentem seguros para identificar problemas, contribuir, desenvolver e implementar ideias. Acima de tudo, é uma questão de confiança. Em terceiro lugar, os líderes Lean Six Sigma facilitam o processo criativo de solução de problemas.
Dessa forma, o LSS estimula nas equipes a cultura da inovação, incentivando as pessoas a considerar novas abordagens e ideias. Além disso, o Lean procura transformar todos em super especialistas em suas funções e responsabilidades, conhecendo profundamente os detalhes de suas atividades. O sistema consegue integrar a gestão da rotina com a inovação porque desafia a aprender permanentemente.
2 – Inovação também precisa de organização
A integração de Lean e inovação auxilia as empresas a obter melhorias incrementais e a sobreviver em ambientes competitivos. Por um lado, para ser mais criativo e produtivo, utilizam-se ferramentas e recursos que simplifiquem as práticas de trabalho diárias. Por outro, para elaborar melhorias na produtividade, é preciso reunir, desenvolver e implementar as ideias disponíveis.
Os conceitos utilizados pelo LSS podem refinar e melhorar a forma de gerir a inovação. Surpreendentemente, pesquisas informais apontam que as indústrias utilizam menos de um quinto de seu potencial criativo. Se a genialidade está baseada em 1% de inspiração e 99% de transpiração, organizar a casa pode ser fundamental para conseguir trabalhar. Sem processos confiáveis, o risco é que a inovação continue sendo uma promessa não cumprida. O Lean Six Sigma desenvolve a capacidade não apenas de identificar, como também de desenvolver e implementar novas ideias.
3 – De olho no cliente
O LSS coloca o valor para o cliente como norte de todos os processos. Assim, melhora o desempenho atual dos negócios e também prepara as organizações para as próximas demandas dos consumidores. Essa visão proporciona um desenvolvimento mais consistente de novos produtos e processos. Escutar e entender as necessidades dos clientes atuais e potenciais é fundamental para a inovação e também para o Lean Six Sigma.
4 – Engajamento em alta
As equipes envolvidas com o Lean Six Sigma trabalham com processos contínuos de reflexão, aprendizado e aprimoramento. Com toda certeza, essa peculiaridade as torna mais suscetíveis e engajadas com a inovação. As organizações que buscam produtividade valorizam a criação e colaboradores que se envolvam na reflexão e experimentação para resolver problemas.
Nas empresas que ainda não evoluíram nesse tema, a inovação é vista como responsabilidade apenas do setor que responde por ela. Ou seja, os demais colaboradores (e mesmo vários líderes) acreditam não precisam se preocupar com inovação. No entanto, os funcionários são a principal fonte de ideias inovadoras – e quem trabalha com o Lean sabe disso. A metodologia LSS de fato altera a cultura organizacional, além de estimular a autonomia e a criatividade.
5 – Inovação com pensamento sistêmico
Para a melhor prática do LSS, é preciso estabelecer o hábito de observação profunda dos sistemas predominantes no entorno do negócio. Assim, é incentivado o pensamento sistêmico, que considera causas e efeitos e a compreensão do contexto. Essas características são fundamentais para o processo de inovação, uma vez que a visão de todo favorece a descoberta de soluções.
Compreender o ritmo exato em que tudo acontece e manter o foco naquilo que é importante são características necessárias tanto à inovação quanto ao LSS. Também a visão de longo prazo é um fundamental nos dois processos, pois olhar para o futuro antecipa tendências e necessidades.
6 – Liderança e trabalho de equipe
Existem condições necessárias para o LSS e a inovação coexistam de maneira sinérgica. Sem dúvida, a liderança é a principal delas. Bons líderes já carregam em si características que favorecem o Lean e a inovação: desafiam os padrões, aprimoram processos e assumem metas desafiadoras.
Ao mesmo tempo, é preciso que as pessoas sejam capazes de trabalhar em grupo e criar múltiplos pontos de vista. Os líderes devem incentivar a autonomia das equipes, para que elas possam manter o foco nos processos orientados ao cliente. Além disso, a criatividade funciona melhor com cooperação e trabalho em equipe.
Aposte na sinergia
Para obter os melhores resultados trabalhando com LSS e inovação, é preciso estabelecer vínculos estratégicos entre as metodologias. Dessa forma, vale acomodá-las em uma estrutura comum, compartilhando sistemas para registro de ideias e ferramentas para tomadas de decisão. Além disso, é preciso garantir sua inserção na cultura organizacional e sempre manter o foco nos resultados.
Imagens: Sergei Akulich e Michal Jarmoluk/Pixabay
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.