A palavra “incerteza” tem estado muito presente em todas as reuniões e documentos empresariais. Por um lado, 2020, que apresentava boas perspectivas em alguns setores, parece agora um ano que já acabou. Os gestores, por outro lado, são confrontados com um enorme desafio: como tomar decisões em um cenário totalmente impreciso?
Não é como se nos últimos anos em algum momento tivéssemos navegado um mar calmo (ou um oceano azul!), mas nesse momento parecemos mesmo afundados em um escuro pântano de dúvidas. Nossos fieis escudeiros, os algoritmos, ajudam a delinear possibilidades. Esses prognósticos, no entanto, são precários, já que se baseiam em conhecimentos adquiridos… Bem, por sorte não temos pandemias com muita frequência! Assim, talvez nossas melhores aliadas hoje possam ser as ferramentas mais tradicionais de tomada de decisões.
Executivos precisam definir muitas coisas diariamente, e várias delas impactam pessoas e processos. Dessa forma, muito depende do seu resultado, e os gestores são avaliados pela sua taxa geral de sucesso. O risco é inerente a qualquer decisão. Por isso, tentamos prever a probabilidade desses resultados por meio de análises estatísticas.
Condições de incerteza, como as que presenciamos, fazem parecer impossível tomar decisões de forma matemática. De fato, as inúmeras interrogações que carregamos não podem ser sanadas com cálculos simples, pois eles dão uma sensação irreal de precisão científica àquilo que ainda é incerto. Nesse sentido, em um triste exemplo, basta lembrar das primeiras comparações de mortalidade entre o Coronavírus e a gripe comum. Rapidamente a força dos fatos derrubou a possibilidade de comparação.
Em contrapartida, as incertezas não desqualificam o raciocínio probabilístico como método – apenas é preciso saber como usá-lo. Obviamente, é impossível eliminar o risco nas decisões estratégicas. Podemos, entretanto, aperfeiçoar nossa capacidade de usar as ferramentas de decisão, sabendo qual e como usar em cada caso.
A decisão sobre como tomar decisões
Decidir é cansativo, principalmente se temos consciência sobre os fatores envolvidos em qualquer julgamento. Ou seja, resolver aquilo que queremos fazer depende só de nós, mas tomar decisões empresariais requer muito mais que isso. É preciso entender profundamente quais os desdobramentos de cada deliberação, quais as melhores ferramentas para avaliar o caso, se não estamos sujeitos ainda assim a algum viés de confirmação. Quanto maior a decisão e mais complexos esses fatores, maiores as consequências de um eventual fracasso.
Uma grande variedade de ferramentas está disponível para que se tomem decisões mesmo sob altos graus de incerteza. Em contrapartida, são tantas as possibilidades, que pode ser difícil saber qual utilizar em cada caso. Determinadas ferramentas vão funcionar melhor em um ambiente estável; em contrapartida, outras são feitas para terrenos desconhecidos. Para além de nossos tempos pandêmicos, essas últimas são desenvolvidas, por exemplo, para lançamento de produtos ou avalição de setores em rápida transformação.
O processo típico de tomada de decisões envolve definir o problema, coletar informações, identificar alternativas, escolher uma delas e monitorar os resultados. Cada deliberação implica, como já dissemos, uma ampla variedade de fatores. Assim, avaliar corretamente essas variáveis ajuda a definir qual ferramenta irá me ajudar a decidir. Algumas perguntas são fundamentais nesse momento:
- Eu sei qual o meu universo de decisão?
- Já tomei decisões em cenários semelhantes e tenho dados históricos de comparação?
- Posso prever possíveis resultados?
- Quais são as métricas do sucesso? Como saberei se tomei uma decisão adequada?
Por que é importante ter um método para as decisões
Essas perguntas têm o objetivo de fazer você pensar sobre aquilo que você sabe – e sobre o que não sabe. Enfrentar um cenário incerto não significa desconhecer as incertezas. Pelo contrário, a principal tarefa é identificar o nível de ambiguidade e indefinição que há pela frente. Em suma, é aí que se corre o risco de sucumbir ao viés de confirmação, aos preconceitos e também à ansiedade.
Uma observação aqui. É provável que você não tenha agora muito tempo para decidir. Embora ter calma seja um bom conselho para quem precisa tomar decisões, esse momento não é propício para isso. No entanto, aquilo que pode esperar deve esperar. Não podemos confiar demais em nossa capacidade de prever resultados. A ansiedade tem um papel importante para nos salvar de erros e danos, mas ansiedade em excesso interfere na capacidade de tomada de decisões. Se você não pode parar o mundo ao redor, pare você mesmo um pouquinho. Se não dá para “dormir” sobre uma decisão, experimente ao menos tomar um cafezinho com ela.
Voltando ao tema: conhecendo o cenário, é possível definir qual a melhor ferramenta, se uma mais simples e tradicional, como aquelas de causas e efeitos, ou alguma mais moderna, baseada em inteligência artificial, por exemplo. O importante é conhecer o contexto e entender que, inegavelmente, cada problema tem uma forma mais adequada de decisão. Além disso, trabalhar em equipe pode ajudar a reduzir os riscos na hora de deliberar algo mais vultoso. É provável que o time traga mais questionamentos e possibilidades; em contrapartida, é bom aprender a compartilhar responsabilidades. Com efeito, as empresas desenvolver sistemas gerais para a tomada de decisões: desafios comportamentais e administrativos costumam interferir nessa hora. Por outro lado, mesmo em situações que parecem simples, geralmente vale a pena usar ferramentas para verificar possíveis vieses.
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Edição: Svendla Chaves – jornalista
Imagens: Arek Socha e Eluj/Pixabay
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.