Conjecturar quais serão os resultados econômicos do ano hoje é um exercício inglório de futurologia. Seja no Brasil, seja no planeta, as variáveis econômicas são tantas quantos as implicações da globalização e do consumo moderno. Nesse cenário, no entanto, uma certeza permanece: o setor agropecuário segue tendo fundamental importância para a economia nacional.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou no final da abril a previsão para o produto interno bruto (PIB) do setor agropecuário de 2020. De fato, o crescimento inicialmente previsto de 3,8% no ano foi ajustado para 2,4% – o que ainda não é pouco, considerando a conjuntura. A avaliação foi ancorada nos novos dados da safra 2019/2020 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bem como em perspectivas atualizadas para a pecuária brasileira. A revisão impactou principalmente os dois produtos com maior peso no PIB do setor, soja e bovinos.
Inegavelmente, vários subsetores estão sofrendo e ainda sofrerão inúmeros impactos. O Brasil, entretanto, terá que reinventar seu crescimento diante dos novos cenários, e o setor agropecuário se destaca no país. Para a empresa de investimentos e gestão TCP Partners,
“A economia terá que buscar se reencontrar com a trajetória do crescimento, para sair do buraco em que o vírus a jogou, e o agronegócio, com seus mais de 40 subsetores, será fundamental para sua recuperação.”
Quem perde no setor agropecuário
Segundo o Ipea, a pandemia está afetando negativamente os mercados de carne bovina e de cana-de-açúcar. A estimativa é de que um quarto das usinas de açúcar e álcool estão sob risco de encerrar atividades ainda este ano. Por um lado, há forte queda dos preços no setor, impactados pela redução do consumo e pelo valor do petróleo. Por outro lado, a falta de saúde financeira já afetava muitos empreendimentos. Conforme dados publicados no Estadão, 104 unidades produtoras já estão em recuperação judicial e certamente outras seguirão esse caminho.
Apesar das vendas externas de US$ 637,81 milhões em março, estudos aponta recuo de 10,2% dos abates de bovinos no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2019. O Ipea pontua, no entanto, que as proteínas mais baratas, como frango e ovos, podem ser favorecidas pela queda de renda. Além disso, as exportações para a China podem crescer em razão das dificuldades encontradas no país. Essa é a avaliação da Argus, consultoria internacional que produz indicadores de preço e análise de mercados. Vale lembrar o gigante asiático foi o principal destino de carne brasileira – bovina, suína e de aves – em 2019.
Para a TCP Partners, os impactos serão diferentes entre os vários segmentos. No Panorama do Setor Agropecuário, a empresa de investimentos apresenta os impactos nas vendas e na liquidez financeira das empresas dos principais setores do agronegócio brasileiro em tempos de pandemia. Se destacam os impactos no algodão e na cana-de-açúcar. No primeiro, o cenário ruim para o setor está relacionado à queda da demanda nacional e mundial por tecidos. O segundo setor vive, segundo a TCP, uma “situação dramática”: as usinas que estão no auge da moagem possui elevado endividamento bancário e baixa liquidez financeira.
Quem ganha no setor agropecuário
Sem dúvida, o grande destaque no setor tem ficado com a soja. O setor reuniu algo que parece impossível no agronegócio: ao mesmo tempo, recordes de safra e de preço. A maior safra da história do país chega a 252 milhões de toneladas no ciclo 2019/2020; em contrapartida, o avanço assombroso do preço do dólar inflou os preços da saca como antes nunca visto. Isso tem ajudado os produtores nacionais a equilibrar os impactos negativos da pandemia.
De acordo com o levantamento da TCP, o café, a soja e o milho apresentarão o maior crescimento de receita com expansão de 26%, 14% e 13,5%, respectivamente. A empresa entende ainda que o setor agropecuário será compensado pela resiliência da indústria de fertilizantes e defensivos agrícolas, pelas exportações de carne e pelo setor de medicamentos veterinários. Ganha ainda o mercado de peças agrícolas, apesar disso ser resultado do esfriamento na compra de máquinas.
O que o setor pode fazer?
Como em todos os âmbitos da vida hoje, o setor agropecuário está à mercê dos efeitos da pandemia na economia mundial. No entanto – também como em todos os outros aspectos cotidianos –, os profissionais do setor podem apostar no conhecimento e na excelência operacional para vencer os desafios. O futuro do setor agropecuário depende fundamentalmente da aposta em inovação e melhoria contínua. Passa ainda pelo cuidado com a sustentabilidade – que engloba e ultrapassa as questões ambientais, envolvendo aspectos sociais e financeiros. Acima de tudo, a própria ideia de “futuro” não existe sem a força do agronegócio. Saúde, em qualquer caso, passa pelos produtos do campo que chegam a nossas casas. Assim, cuidar do agronegócio brasileiro não é cuidar só da nossa economia, é garantir mais saúde para todos nós.
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Edição: Svendla Chaves – jornalista
Imagens: Charles Ricardo/Pixabay e TCP Partners
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.