A ideia de que o agribusiness vem consumindo os recursos naturais com mais rapidez do que estes são renovados é um tópico antigo de discussão. Por outro lado, temos o crescimento exponencial da população, que exige maior produção de alimentos. Ao mesmo tempo, os consumidores buscam produtos mais sustentáveis, que tragam benefícios para si e para o mundo.
Nessa lógica, o desafio do agribusiness é produzir mais usando menos recursos, realizando investimentos responsáveis. Para isso, a tecnologia tem se mostrado como grande aliada, maximizando resultados a partir do uso mais preciso de recursos como água e solo. Um bom exemplo de excelência operacional! A trilogia consciência, tecnologia e lucro cabe em qualquer segmento, e o agro não é exceção.
Estamos rodeados de produtos, serviços e ferramentas que utilizam Big Data. Assim, os dados se tornaram uma das commodities mais valiosas do mundo, ultrapassando o petróleo. Essa revolução, no entanto, ainda não é totalmente explorada no agribusiness. No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, esse é um campo que ainda pode crescer muito. Uma oportunidade para as empresas de tecnologia, mas também um obstáculo na busca da sustentabilidade alimentar.
Princípios responsáveis no agribusiness
Pesquisa do Boston Consulting Group (BSG) revelou que 86% dos 9 mil consumidores entrevistados em nove países querem alimentos “bons para o mundo e para mim”. Na prática, isso se refere a produtos orgânicos, naturais, ecológicos ou justos. Essas linhas ainda encontram barreiras financeiras no agribusiness, já que determinados tipos de produção apresentam custos mais altos ou menor produtividade.
Também por isso, essa busca dos consumidores por uma cadeia alimentar mais sustentável ainda é restrita nos países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, entretanto, um estudo anterior do BCG já apontava que 70% do crescimento no varejo de 2011 a 2014 vieram das vendas dos produtos de consumo responsável. Como então investir no agribusiness sem perder o trem da história?
O Comitê de Segurança Alimentar Mundial elaborou princípios para investimentos responsáveis em agricultura e sistemas alimentares. Adotados em 2014, os hoje dez princípios tratam de diversos aspectos:
- Contribuir para a segurança alimentar e nutricional.
- Contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo e a erradicação da pobreza.
- Promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.
- Envolver e capacitar os jovens.
- Respeitar a posse de terra, a pesca, as florestas e o acesso à água.
- Conservar e gerenciar de forma sustentável os recursos naturais, aumentando a resiliência e reduzindo os riscos de desastres.
- Respeitar o patrimônio cultural e o conhecimento tradicional e apoiar a diversidade e a inovação.
- Promover a agricultura e os sistemas alimentares seguros e saudáveis.
- Incorporar estruturas de governança, processos e mecanismos de reclamação inclusivos e transparentes.
- Avaliar e tratar os impactos e promover a prestação de contas.
À primeira vista, esses itens, que estão em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, parecem impossíveis de ser colocados em prática sem um grande aumento de custos. É aí que a tecnologia entra em cena.
Agribusiness e tecnologia, uma parceria indissociável
Os recursos tecnológicos têm aumentado a produtividade no agribusiness, principalmente por meio da agricultura de precisão e da biotecnologia. Paralelamente, seu desenvolvimento tem buscado caminhos sustentáveis, de olho na redução do uso de recursos. Dessa forma, a tecnologia se apresenta como base para a agricultura sustentável.
Sustentabilidade no agribusiness refere-se à capacidade de um agroecossistema de manter a produção estável ao longo do tempo. Nesse sentido, o desenvolvimento e a inovação tecnológica têm grande influência na estabilidade e na produtividade da agricultura. Tradicionalmente, isso tem sido feito com melhoramento genético, desenvolvimento e uso de nutrientes, produtos de controle de pragas e equipamentos agrícolas.
Mais recentemente, a tecnologia computacional, combinada com sensores e georreferenciamento, estão transformando radicalmente o agribusiness. A incerteza com o meio ambiente é uma questão fundamental no campo, e isso pode ser administrado com a modelagem ambiental, combinada com algoritmos de gerenciamento de risco. Melhores práticas de gestão são ainda um foco importante, como no manejo integrado de pragas
Para integrar dados e agribusiness
Seremos mais de 9 bilhões de pessoas até 2050, e o crescimento atual das colheitas é insuficiente para isso. Assim, se queremos alimentar a todos sem destruir o planeta, precisamos mudar o paradigma no agribusiness. Big Data pode ser crucial para isso, no entanto ainda há obstáculos a serem transpostos.
Estima-se que quase 87% de toda a terra agrícola do planeta é mantida por pequenos agricultores familiares. Esse gigantesco manancial de informação está parcamente conectado às redes de dados. Ou seja, 500 milhões de empreendedores correm o risco de serem deixados para trás em transformações estruturais e rurais. Sem isso, temos menos conhecimento sobre insumos e produtividade das culturas, e o caminho para a sustentabilidade é incerto.
Baseada em Big Data, Analytics e robótica, a agricultura de precisão permite que os agricultores apliquem cuidados personalizados e gerenciem a água de maneira mais eficiente. Dessa forma, aumenta a produção, melhora a eficiência econômica e minimiza o desperdício e o impacto ambiental. As recomendações podem ser ajustadas em tempo real para refletir as variações climáticas. Sensores de solo e imagens aéreas ajudam os agricultores a gerenciar o crescimento da cultura, com sistemas automatizados que fornecem alertas antecipados de desvios da qualidade e das taxas de crescimento. Além disso, sistemas automatizados auxiliam na gestão de equipamentos e transporte.
De fato, a sustentabilidade é uma questão de sobrevivência, mas ultrapassa o simples cuidado com o solo. Aliada ao avanço tecnológico, oferece ao agribusiness mais produtividade e redução de custos, ingredientes essenciais da competitividade. Além disso, pode garantir nossa segurança alimentar ao longo das próximas décadas, em padrões mais justos para a humanidade e o planeta como um todo.
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Edição: Svendla Chaves – jornalista
Imagens: jcomp/Freepik e Sarah Clarry/Pixabay
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.