O agronegócio é o setor econômico com maior potencial para a implantação das novas tecnologias. Primeiro, porque está na base da economia e da sobrevivência humana, é o caminho para o desenvolvimento sustentável. Segundo, porque oferece uma rica base de dados, fundamento da convergência tecnológica. Por outro lado, é um dos setores menos digitalizados, no qual ainda há muito a aprimorar nesse aspecto. Quais são os caminhos tecnológicos que vão nortear o futuro do agronegócio? Em quais tecnologias investir?
O relatório da Embrapa “Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira” faz um panorama do que se pode esperar do campo brasileiro. A tecnologia assume caráter primordial nessa trajetória. Conforme a Embrapa, as convergências técnico-científicas são crescentes nas organizações as pesquisa, empresas e propriedades rurais. O futuro do agronegócio já está presente nas geotecnologias e na agricultura de precisão, com auxílio de Big Data e Internet das Coisas (IoT).
Segundo o estudo, 10% dos produtores rurais ainda não utilizam celulares, e as redes sociais estão presentes em apenas 18% dos negócios. No entanto, a chamada smart farming já pode ser vista na abundante aquisição de dados e nas máquinas inteligentes. Gradualmente, os produtores aderem a aplicativos com foco em gestão das áreas agrícolas. As vantagens são inúmeras: manejo de rebanhos, cotação de insumos, previsão de clima, identificação de doenças, uso de defensivos, irrigação e adequação à legislação, entre outras.
A segurança alimentar e a prevenção de deterioração também podem ser melhoradas por meio de dispositivos inteligentes. Temperatura, contaminação química, presença de gases, presença de micróbios nocivos: tudo isso pode ser detectado por máquinas. A eliminação de desperdícios, com gerenciamento de ativos e manutenção preditiva, garante o sucesso da safra.
Big Data no futuro do agronegócio
A agricultura produz grandes volumes de dados. Com IoT, é possível acompanhar o crescimento da lavoura, bem como monitorar condições do solo, de umidade e iluminação. A agricultura de precisão usa sensores que informam aos agricultores exatamente onde plantar, quanto regar e como fertilizar. Além disso, com auxílio da geolocalização, máquinas dotadas de GPS permitem que os produtores guiem automaticamente seus tratores. Com isso, o negócio funciona 24 horas por dia, sete dias por semana.
Assim, Big Data é fundamental para o futuro do agronegócio, seja na lavoura, na indústria ou no escritório. No entanto, alguns entraves se apresentam para que seu uso seja amplo no campo. Entre os principais pontos, está a falta de infraestrutura. Basta sair das metrópoles para perceber que o alcance das torres de celular é bastante limitado.
Com isso, se perde muito em conectividade, já que o uso de IoT e Big Data depende profundamente da rede. No interior do Brasil, ter um bom sinal de internet pode ser algo difícil e caro. Se os grandes negócios encontram soluções personalizadas, para os pequenos e médios a internet às vezes é inacessível. Com isso, perdem os produtores, que não têm meios para aprimorar sua propriedade. Perdem os fabricantes, cujos equipamentos não têm seu potencial tecnológico completamente explorado. E perde o país, ao não aproveitar esse imenso manancial de conhecimento que é o campo.
Ainda não chegamos tão longe, mas outro desafio estrutural é descobrir quem é o proprietário dos dados. Quando um trator ou colheitadeira equipado com GPS obtém dados, estes pertencem ao produtor ou ao fabricante?
Tendência fundamentais para o futuro do agronegócio
O relatório da Embrapa traz dados do Fórum Econômico Mundial que apontam as tecnologias essenciais para o futuro do agronegócio.
- Maior acesso à eletricidade, com aumento da eficiência e redução no desperdício de alimentos.
- Aumento da conectividade, com maior acesso ao conhecimento para melhoria da produtividade nos empreendimentos rurais.
- Dispositivos móveis e plataformas que irão conectar produtores familiares ou de pequeno porte aos diversos mercados.
- Identificadores digitais únicos, que melhorarão o acesso e a troca de dados entre os produtores.
- Análises geoespaciais, que ajudarão os pequenos produtores a tomar decisões.
A Embrapa aponta ainda a importância do blockchain. Este recurso pode revolucionar a rastreabilidade dos produtos agropecuários, agilizando processos e dando mais confiabilidade à produção. O desafio de implantar blockchain para rastrear a segurança dos alimentos é que isso se torna um centro de custos para agricultores, empresas de logística e processadores de alimentos.
Superando as dificuldades no caminho
O futuro do agronegócio brasileiro depende muito de nossa capacidade de absorção das novas tecnologias. Se hoje produzimos alimentos para 1,5 bilhão de pessoas, para manter e aumentar esse mercado precisaremos estar atentos às transformações digitais. Ainda há uma enorme barreira para aproveitar ao máximo a tecnologia e as informações coletadas. O produtor médio não tem tempo e habilidade para administrar os dados que pode obter com seus registros e equipamentos. Por isso, o papel das startups e consultorias é essencial.
É preciso investir em tecnologia no campo, não só no desenvolvimento de máquinas e sensores, mas também na formação dos produtores e na tecnologia básica para gestão da tecnologia: smartphones, computadores, conectividade. Como destaca a Embrapa, ciência, tecnologia e inovação foram pilares do desenvolvimento agrícola brasileiro nas últimas décadas e será preciso investir pesado nestes fatores para que o futuro do agronegócio nacional mantenha sua posição de protagonismo no mundo.
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Edição: Svendla Chaves – jornalista
Imagem: Freepik
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.