Intuição e dados convivem na gestão do negócio

Maximizar o lucro requer tomar as melhores decisões. Antes de contarmos com as plataformas robustas de business intelligence, confiávamos apenas na experiência para isso. Com o advento do Big Data e o aumento da capacidade de análise de dados, a intuição perdeu terreno. Análises sofisticadas dos dados descobrem relações que o instinto, a experiência ou só a observação não conseguem. Afinal, as ferramentas oferecem conclusões sólidas reunindo anos de informações. 

Ao mesmo tempo, as pessoas que usam dados ainda têm dificuldade em confiar no que eles dizem. Um estudo da American Psychological Association percebeu que, ao tomarem decisões baseadas em dados, as pessoas se sentem perdendo. Conforme os pesquisadores, o ser humano tende a sentir que está desperdiçando uma habilidade fundamental que sua intuição fornece. Ainda assim, o estudo apontou que quando as pessoas mantêm a certeza inabalável no instinto também pode haver outros sentimentos ruins associados. Prova científica de que é preciso equilibrio inclusive para que o resultado traga satisfação.

Nesse sentido, tem sido um desafio para as empresas fazer o ajuste entre esses dois aspectos. É fundamental encontrar a dosagem certa entre o uso de dados e instinto, entre tecnologia e criatividade. Grande parte dos lucros depende de responder corretamente a essa equação.

Equilibrando a intuição

De fato, precisamos de análises de dados sofisticadas para descobrir correlações que a mera observação não consegue. Embora a experiência e a intuição importem, não ignore os dados. Isso pode auxiliar até mesmo os mais experientes em negócios a acessar informações que não saberiam de outra maneira.  

Sem dúvida, esse movimento começa na liderança. É importante que os altos executivos estejam aptos a confiar nos dados. Seu exemplo de tomada de decisão tende a ser seguido pelas equipes. Uma gestão baseada em dados incentiva que todos os níveis da empresa tenham esse indicativo. 

Temos, muitas vezes, mais dados do que conseguimos entender – basta apenas olhar as notícias recentes para ver quantos dados podem ser confusos. Afinal, até mesmo para um gigante como o Facebook, que mede tantas coisas (mais de 220 métricas), é possível errar seus próprios dados.

Coloque os dados para trabalhar para você

Sugerimos alguns questionamentos que podem auxiliar a refletir sobre a relação entre intuição e os dados: 

  • Esta informação está obscurecendo nosso julgamento?
  • Isso está nos fazendo confiar menos em nosso instinto de comunicação de marca, construindo ao longo da trajetória do negócio? 
  • Os dados estão limitando nosso pensamento apenas ao que estatísticas e algoritmos podem nos revelar? 

Nosso acesso aos dados significa que sabemos mais sobre nossos clientes e público do que nunca. Mas “mais” nem sempre significa melhor ou mais valioso. É necessário dar um passo atrás e abordar a coleta e a análise de dados por meio do que nos levou a fazê-la. Qual é a questão comercial? De que informações realmente precisamos? Qual é a melhor maneira de obter essas informações? É importante escolher quais dados serão os mais úteis e não querer considerar tudo apenas porque estão disponíveis. Então é necessário fazer as perguntas certas para encontrar as respostas certas.  

O valor dos dados está na percepção do que é possível extrair deles. Montanhas de dados são inúteis se você não conseguir extrair informações que gerem negócios. Isso significa converter fatos e pontos de dados em insights profundos e valiosos que podem ser usados para identificar áreas de oportunidade. Ainda são necessários nossos instintos e experiências humanas para entender o porquê das coisas e depois descobrir como usar os insights estrategicamente.

A intuição também se baseia nos dados

O caminho a seguir não é ignorar fatos importantes que podem surgir dos dados, mas permitir-se ver os dados com um olhar cético.  A Starbucks consegue usar Big Data em bairros locais para informar onde abrir novas lojas, e a Amazon usa dados para fornecer um atendimento ao cliente mais personalizado. Esses são ótimos exemplos de como os dados factuais em sua forma bruta podem ser usados para reforçar os negócios. 

Em resumo, é verdade que o uso de dados e pesquisa como uma ferramenta pode reforçar e apoiar nossos instintos naturais ao desenvolver estratégias de marca que ajudam a nos diferenciar e conectar com nossos públicos. Mas temos que ter cuidado com os dados que usamos, como obtemos, como os interpretamos, e certificar-nos de extrair as informações mais significativas que nos permitirão criar um trabalho que realmente ressoe com nosso público. 

Big Data é impressionante por sua capacidade de digerir grandes quantidades de informações complexas. Mas é fraco em sua capacidade de pesar variáveis diferenciadas. Já a intuição humana é frágil e tendenciosa no poder computacional. Por outro lado, é impressionante sua capacidade de combinar variáveis diferenciadas e dar um salto exponencial.

Apesar dos desafios, aproveitar o Big Data é essencial. A ideia de que qualquer empresa possa competir sem o uso de análises está desatualizada. Em uma analogia, é necessário que o empresário preveja o futuro do cliente antes mesmo que os membros de sua família possam fazê-lo – esse é o poder competitivo da análise.

Edição: Svendla Chaves – jornalista 

Imagens: Studio Republic e Farzad Nazifi/Unsplash