Em seu clássico livro Leadership that gets results, Daniel Goleman apontou que o estilo da liderança pode ser responsável por 30% do desempenho da empresa. Isso por si só já justifica a forte atenção que as organizações devem dedicar ao comportamento de seus executivos. Adicionalmente, o comportamento dos chefes pode afetar a saúde e a dignidade dos funcionários. São inúmeros os casos de doenças psíquicas ocasionadas por um clima institucional insatisfatório. Sem contar o aumento no número de processos por assédio moral no ambiente de trabalho.
A busca pela produtividade e pela excelência operacional deve ser um dos principais focos da liderança. No entanto, o estilo coercitivo de gestão nem sempre obtém os melhores resultados quando se trata de pessoas. Manter um ambiente saudável, em que os funcionários se sintam seguros, é fundamental para aspectos como inovação e proatividade. Seguindo os princípios da metodologia Lean, a melhoria contínua só se dá quando todos têm autonomia para promover avanços.
Segundo dados da American Psychological Association, 75% dos norte-americanos identificam seus chefes como o fator mais estressante de seu trabalho. Para se ter ideia da dimensão do problema, 60% deles trocariam um aumento salarial por um novo chefe. Mas como detectar uma liderança tóxica? Como deve se comportar um chefe para conseguir resultados? Selecionamos alguns comportamentos que ajudam a identificar defeitos e virtudes na liderança da empresa.
Liderança coercitiva
Ele manda, desmanda, demite, reestrutura, sem se interessar pelas consequências. Se esse tipo de postura é muitas vezes classificada como “arrojada”, na maior parte dos casos prejudica o clima organizacional. Práticas agressivas para o atingimento de metas, por exemplo, têm sido alvo de processos judiciais por assédio. Estudos da Harvard Business School e da Universidade de Stanford apontam que o medo de perder o emprego aumenta em 50% a probabilidade de se ter problemas de saúde.
A hora do feedback
Ninguém gosta de escutar que está realizando um trabalho mal-feito. No entanto, é papel dos líderes monitorar o desempenho dos colaboradores e atuar para que ele seja aprimorado. Saber a hora e a forma de dar feedback à equipe é uma das principais virtudes de um chefe. Culpabilização e críticas desnecessárias devem ficar de fora nesse momento. O importante é saber conduzir cada colaborador a seu melhor desempenho – e isso exige uma boa dose de inteligência emocional.
Liderança acomodada
Não há frase mais inimiga do Lean que aquela: “aqui nós sempre fizemos assim”. A necessidade de melhoria contínua é um dos requisitos da produtividade. Se o líder não gosta de mudanças, tampouco será capaz de incentivar e escutar novas ideias que venham dos colaboradores. Esse tipo de liderança contamina toda a equipe e leva à estagnação.
Metas inalcançáveis
Embora os resultados grupais e individuais devam ser um desdobramento da estratégia corporativa, há lideranças que parecem estar sempre querendo correr antes da máquina. A busca por melhores resultados não pode superar as capacidades do grupo. Na ânsia por “pensar grande”, é comum que chefes sobrecarreguem suas equipes. Além do estresse gerado, a tendência é de que o grupo se mantenha em constante clima de falha ou fracasso.
Medo e insegurança
“O que eu faço agora?” Sem prejuízo à autonomia dos colaboradores, o chefe é a pessoa que está ali para responder a essa pergunta. Seja em caso de definição de objetivos, seja na resolução de problemas. Assim, se o líder for medroso ou inseguro, não poderá dar conta das demandas cotidianas e irá disseminar angústia no ambiente de trabalho. Esse comportamento também afeta o desempenho de funcionários com mais iniciativa, frustrando ideias que poderiam beneficiar a empresa.
Liderança e justiça
A capacidade de adotar avaliações e decisões justas para todos é um dos melhores atributos de um líder. Favorecimentos e punições indevidas minam o espírito de grupo e desacreditam o chefe. Se a liderança não aplica princípios de justiça na gestão, os colaboradores se sentirão desestimulados a apresentar melhorias e justificados em maus comportamentos.
Eu sou o melhor!
Arrogância é outro defeito muito comum na liderança e que prejudica o clima organizacional. O chefe centralizador, que afirma que só ele sabe fazer da melhor forma, além de diminuir a confiança da equipe, acaba por não dar conta suas responsabilidades. Em alguns casos, o melhor líder é aquele que tem certeza de que sua equipe apresenta o melhor resultado – mesmo que ele não esteja presente.
Faça como eu digo…
Todos nós somos motivados pelo exemplo. Ver alguém executando uma ação da melhor forma nos ensina e estimula. Assim, é essencial que a liderança seja exercida de forma a incentivar os comportamentos da equipe. Se o chefe é grosseiro, não cumpre prazos nem metas, será mais difícil exigir bom desempenho dos colaboradores.
Liderança de mau humor
Somos humanos e falíveis, todo mundo tem direito ao seu dia de mau humor. Mas quando isso se torna um hábito do chefe, todos perdem. Irritabilidade, grosseria e ansiedade não são os melhores amigos da boa gestão. Os funcionários vão se sentir mais estimulados a contribuir se o líder for receptivo e der suporte ao grupo.
Vale lembrar que somos todos díspares, com diferentes defeitos e qualidades que formam nossa personalidade. A liderança é formada por pessoas que também têm suas rotinas e problemas pessoais, que também podem falhar. Tão importante quanto o chefe compreender as peculiaridades do grupo e saber levá-lo no caminho da produtividade, é que a equipe compreenda que o espírito coletivo precisa prevalecer, mesmo na hora em que o líder falhe. Essa, como outras mais, é uma cultura que precisa ser incentiva da organização. Pessoas melhores, trabalhando em equipe, são primordiais para que se atinja os melhores resultados.
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Edição: Svendla Chaves – jornalista
Imagens: Goumbik/Pixabay
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.