Tecnologia no agronegócio é fator-chave para o campo

O futuro da tecnologia no agronegócio

Mais de 40% do território brasileiro é ocupado pelo agronegócio. É o campo que tem segurado a economia brasileira nos últimos anos – em 2017, respondeu por 23% do PIB. Seu crescimento neste ano deve ser o dobro que o crescimento médio do PIB brasileiro em 2018. O que faz desse setor aquele que parece estar mais fortalecido na economia brasileira? As respostas são muitas, mas uma das principais passa, sem dúvida, por tecnologia no agronegócio.

O investimento na agropecuária brasileira foi intensificado a partir da década de 1970. Um marco desse processo foi a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa. Ainda que a iniciativa conte com recursos inferiores aos dedicados nos países desenvolvidos à pesquisa para o campo, tem em seu portfólio um número invejável de vitórias científicas, que vêm dando destaque ao agronegócio nacional.

Ao mesmo tempo, as pressões do mercado internacional fazem com que os grandes produtores sejam obrigados a avançar em gestão. A participação dos estabelecimentos iguais ou maiores de 1.000 hectares é de quase 50% da área total. Essa profissionalização, no entanto, ainda não transformou o perfil da mão de obra. Mais de 70% dos trabalhadores do campo são os próprios produtores ou seus familiares, segundo o Centro Agropecuário do IBGE.

A tecnologia no agronegócio brasileiro já é destaque no mundo, mas ainda tem espaço para crescer. É preciso avançar ainda em sustentabilidade e sanar as deficiências da produção agrícola, tanto nos grandes quanto nos pequenos estabelecimentos. A expansão depende fundamentalmente de investimento em métodos de inovação para enfrentar os desafios e as oportunidades do futuro.

Onde está a tecnologia no agronegócio?

Dois vetores determinam o aumento da produtividade no campo: o melhor uso da terra e a economia de recursos humanos. É o velho fazer mais com menos. Assim, a tecnologia no agronegócio tem se desenvolvido nesses dois sentidos. Por um lado, inovações disruptivas se apresentam por meio da biotecnologia e da transformação digital, com o desenvolvimento de novos produtos, serviços e alimentos. Por outro, a mecanização, alavancada por recursos como a Internet das Coisas (IoT), reduz a necessidade de mão de obra.

Ganham destaque a biologia sintética em sistemas genéticos complexos, as ferramentas da engenharia genética e a da bioinformática. De 40% a 50% do incremento da produtividade agrícola é resultado dos estudos genéticos. A biologia sintética permite o redesenho dos organismos, com novas propriedades e funcionamento ampliado. Os dados analisados pela bioinformática proporcionam uma compreensão profunda dos mecanismos biológicos. Cada vez mais, a biologia se funde com métodos matemáticos, estatísticos e computacionais.

Insumos e fertilizantes chegam a representar quase metade do custo de produção, e o campo brasileiro depende de produtos importados. Dessa forma, o desenvolvimento de tecnologia no agronegócio é fundamental para que esse mercado se torne mais autônomo e eficiente. De outra parte, as pesquisas podem fornecer soluções mais sustentáveis, adequadas à biodiversidade brasileira.

Tecnologia no agronegócio é fator-chave para o campo

Mecanização e business intelligence

O envelhecimento da população, associado ao êxodo rural, diminuiu e encareceu a mão de obra no campo. Entre 2006 e 2017, o número de pessoas ocupadas na agropecuária teve um decréscimo em torno de 10%. Em contrapartida, o número de tratores aumentou em 50%. Isso reflete a importante mecanização do setor, bem como a popularização dos equipamentos.

A mecanização se dá não apenas nas máquinas agrícolas convencionais. Sistemas complexos de monitoramento da lavoura e dos animais substituem o trabalho humano por sensores. Esses dados podem se conectar com robôs que atuam independentemente de intervenção humana. Servem também para alimentar algoritmos que auxiliem na tomada de decisões gerenciais.

O uso de business intelligence no campo é vasto e serve como caminho para o alcance da excelência operacional. No mercado da agricultura digital, mais da metade das agritechs oferece soluções de suporte à decisão. As demais trabalham com IoT, agricultura de precisão e softwares de gestão. Como se vê, não são apenas máquinas: são sistemas que tornam os dados gerados utilizáveis pelos produtores. A tecnologia no agronegócio, como em qualquer setor, precisa ser utilizada de forma coerente com a estratégia da organização.

Infraestrutura e desafios para a tecnologia no agronegócio

Ainda há vários entraves para o uso mais amplo de recursos tecnológicos no campo. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE, menos de um terço dos produtores nacionais declararam ter acesso à internet. Quase 80% deles não passaram do ensino fundamental, e 23% não sabem ler e escrever. Esses números mostram problemas estruturais do país, ainda mais agravados no campo. Ao mesmo tempo, a falta de formação técnica impede que os trabalhadores utilizem tecnologias mais complexas e recrudesce a escassez de recursos já existente nas zonas rurais.

Nesse contexto, é um pouco desestimulante pensar na aplicação da tecnologia no agronegócio brasileiro. Muito foi feito nos últimos 40 anos, mas ainda há muito a fazer. Em tempos de aperto econômico, é comum que o investimento em pesquisa seja reduzido – um equívoco que retroalimenta a crise. É necessário que os produtores do setor envidem esforços individuais e associativos para estimular o avanço da tecnologia no campo.

Ainda assim, em uma visão otimista, podemos ver as dificuldades como potencial. O maior acesso à internet e à eletricidade, por sistemas alternativos como a energia solar, são fatores de estímulo. Por outro lado, o desenvolvimento global impulsiona e barateia novos recursos, que rapidamente podem ser adotados no país. As pesquisas científicas nos âmbitos público e privado apontam cotidianamente novas soluções. Se soubermos aproveitar esses avanços, os desafios se farão oportunidades.

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Edição: Svendla Chaves – jornalista

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