João tem uma fábrica de biscoitos. Um cliente faz um pedido que, para ser atendido, dependerá de um aumento de 30% na produção na próxima semana. Com a confirmação do pedido, o sistema da fábrica verifica automaticamente o peso dos ingredientes em estoque, lança um alerta on-line ao fornecedor já habilitado para a entrega imediata da quantidade extra de farinha necessária e reprograma a produção das embalagens para aumentar o ritmo conforme a nova demanda. Dois dias depois, uma mudança brusca no clima interfere na temperatura ambiente, o que costuma ter efeito na consistência dos produtos. Com análise preditiva, o sistema confirma a nova temperatura média e redireciona o funcionamento das máquinas para que produzam mais no período noturno, no qual o calor é menos intenso – enviando um aviso aos smartphones dos supervisores de turno sobre a alteração programada. Todas essas tarefas são feitas de forma automatizada, sem a necessidade de interferência humana, e João pode acompanhar todo processo também por meio de seu smartphone, recuperando dados, fazendo projeções e reordenando procedimentos.
O exemplo é simples e fictício, mas dá uma ideia de como a Inteligência Artificial e a Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things) podem facilitar a produção e garantir a melhoria contínua nos processos industriais, alcançando a Excelência Operacional. Embora muita coisa ainda possa parecer mágica aos olhos leigos, essas tecnologias já estão sendo usadas largamente em muitos setores, aumentando a produtividade e a lucratividade das empresas e integrando cadeias de suprimentos (Supply Chain). As vantagens oferecidas pelos sistemas automatizados e conectados são inúmeras, pois otimizam processos e podem atender aos mais variados interesses com segurança e confiabilidade.
Conforme a Rockwell Automation, fornecedora global de soluções em automação, as transformações provocadas pelas tecnologias da indústria inteligente (Smart Manufacturing) se darão em três fases rápidas e progressivas:
• Fase 1: A integração dos dados de produção obtidos nas fábricas e no intercâmbio entre as empresas facilita melhorias imediatas e significativas nos custos, na segurança e nos impactos ambientais.
• Fase 2: Combinados com simulações computacionais e sistemas de modelagem, esses dados criam uma inteligência de fabricação, produzindo efeitos de velocidade, flexibilidade, produtividade e personalização.
• Fase 3: Essa inteligência de fabricação inspira inovações em processos e produtos que revolucionam o mercado, com preços muito baixos ao consumidor.
Indústria 4.0 ou a Quarta Revolução Industrial
A Alemanha saiu na frente nesse processo e deu nome à Indústria 4.0 – ou a Quarta Revolução Industrial, que, como as três anteriores (mecanização a vapor, uso da eletricidade e digitalização), está modificando o modo de produção da manufatura. O motor agora é a integração entre homem e máquina, realidade e virtualização.
Os equipamentos podem ser conectados e funcionam como um cérebro: recebem dados por meio de sensores, processam em rede, fazem simulações e tomam decisões sem a necessidade de participação humana. Já existem pesquisas para dar às máquinas até mesmo a capacidade de considerarem questões éticas e simularem reações humanas – uma pesquisa ligada ao Exército americano cogita ainda ensinar os robôs a trapacear, quando necessário, em questões táticas.
Estudo da McKinsey aponta que o impacto da Internet das Coisas deve ser entre US$ 4 trilhões e US$ 11 trilhões em 2025, com destaque para o setor industrial, em áreas como gestão de operações e manutenção preditiva. A pesquisa indica ainda que, hoje, a Internet das Coisas é subutilizada no setor: em uma plataforma de petróleo que tem 30 mil sensores, por exemplo, apenas 1% dos dados são examinados, pois as informações são priorizadas apenas para detecção e controle de falhas, desperdiçando a produção de um conhecimento que seria valioso para a otimização de processos.
As fontes de Big Data se multiplicam, e as ferramentas de business intelligence não servem mais apenas para analisar o passado. O acompanhamento das informações em tempo real, a manutenção preditiva e a previsão de problemas passaram a ser fatores indissociáveis no processamento dos dados disponíveis nas empresas. Por outro lado, a robótica aponta um futuro inimaginável para a qualidade de vida dos humanos, com incrementos em áreas como medicina e transporte.
Blockchain e Internet das Coisas
A tecnologia do blockchain, desenvolvida para as transações de Bitcoin, permite a realização de operações financeiras de forma confiável com dados distribuídos em rede, sem controle central. Se a ferramenta promete revolucionar o ambiente financeiro, também terá efeitos em outras áreas que possam se valer desse tipo de banco de dados distribuído e à prova de falsificação.
A combinação de blockchain e Internet das Coisas pode ser muito poderosa, pois fornece confiabilidade, de forma auditável, a transações de diversos tipos. Os dispositivos conectados à internet são combinados, automatizando fluxos de trabalho e conseguindo verificabilidade de criptografia, com redução de custos e de tempo nos processos.
A Everledger, start-up londrina, está apostando na tecnologia para coibir a fraude e o roubo de diamantes, a partir de uma espécie de livro de registros das joias em rede. O registro de propriedade e origem dos diamantes em nuvem tornará mais difícil sua venda ilegal. A Everledger pretende ainda levar a tecnologia a outros bens de luxo.
O crescimento do mercado de blockchain já desperta o interesse de várias empresas. Em maio, a Deloitte anunciou a criação de seu Blockchain Lab, sediado em Dublin, na Irlanda. O polo de desenvolvimento vai expandir os serviços globais da consultoria, e a ideia é construir soluções prontas para se integrarem rapidamente às necessidades das empresas. Também atenta para os novos processos, a PwC lançou recentemente um relatório sobre as possibilidades de uso do blockchain no mercado de seguradoras. Entre outros aspectos, a ferramenta foi apontada como útil para tornar mais eficientes áreas como gestão de contratos e de sinistros.
Smart Manufacturing: por onde começar
O cenário brasileiro, bem como o de outros países latino-americanos, ainda apresenta defasagens para atingir o brilhante futuro anunciado pela indústria inteligente, como parques pouco automatizados, baixo uso da robótica, subutilização de ferramentas de business inteligence e Big Data. No entanto, diversos setores já estão de olhos abertos a essas tendências, investindo em equipamentos e tecnologias que permitem o uso inteligente de dados, por meio de controles computadorizados, robôs e sensores, que geram informações e podem ser conectados em rede e criar conhecimento. Em algumas áreas mais complexas, como a de energia e a aeroespacial, o uso de tecnologias inteligentes já é uma realidade em território nacional.
Automatizar a indústria depende de fortes investimentos, nem sempre disponíveis por aqui. Assim, o caminho é estabelecer um bom plano de prioridades naqueles dados que se pretende recolher e sistematizar. De nada adianta colocar um alto orçamento em algo que não vai gerar conhecimento e lucratividade para a empresa. Quais são os aspectos mais sensíveis do seu negócio? Quais os pontos importantes para aumentar a produtividade e controlar custos?
Precisa de ajuda para pensar nesses pontos e elaborar um Plano de Excelência Operacional? Acompanhe o Excelência em Pauta e conheça nossos serviços.
Edição – Svendla Chaves – Jornalista
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.
One thought on “O que é a indústria inteligente?”
Comments are closed.