Por que a Internet das Coisas muda a vida da indústria

Se meu fusca falasse… Quando o filme da Disney chegou ao Brasil, lá pelo fim da década de 1960, ninguém imaginaria que, em breve, o nosso fusca ia mesmo falar. Como assim?! Eu explico: com a disseminação da Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things) e o aperfeiçoamento dos sensores, nossas máquinas adquiriram uma sofisticação capaz de oferecer-lhes olhos, ouvidos e boca.

Os dados coletados durante seu uso são suficientes para abastecer um amplo e diverso banco de informações sobre funcionamento, abastecimento, formas de utilização e comportamento do usuário; com sistemas de inteligência artificial, transforma-se tudo isso em conhecimento ao alcance de um clique. Assim, o seu fusca ficou responsivo e começou a falar sem parar, sobre todas as experiências que presencia no dia a dia. E você, está ouvindo?

Essa novidade muitas vezes ainda se parece aos filmes de ficção científica (ainda mais quando pensamos nos nanossensores!) – no entanto, já conquistou o gosto dos consumidores e está virando de pernas para o ar o setor industrial. A IIoT (Industrial Internet of Things) revoluciona a forma de organização manufatureira, alterando processos e exigindo mudanças culturais. Não basta comprar novas máquinas e conectar os dispositivos: é preciso entender que uma nova forma de relacionar-se com a tecnologia está em curso, e que isso altera as expectativas dos clientes, sejam eles individuais ou corporativos.

“A IIoT é uma disrupção única no mundo dos negócios – que exige uma nova aptidão na gestão do relacionamento direto com o cliente, com o apoio de modelos operacionais e empresariais projetados especificamente para o mundo habilitado para a IIoT. E é uma disrupção que está vindo mais rápido do que a maioria das empresas pensa. As indústrias que se movimentam hoje para enfrentar as transformações necessárias se posicionam como futuros líderes em seus mercados. Aqueles que não agirem agora correm o risco de ficar para trás – e enfrentar uma luta árdua para alcançar seus competidores.” O alerta é da publicação The Industrial Internet of Things, publicada pela PwC.

Internet das Coisas na prática industrial

A diferença entre a IoT voltada aos consumidores e a IIoT está centrada em dois aspectos principais: confiabilidade e volume. Nos encantamos com a possibilidade de um tênis inteligente, que monitora nossos exercícios, ou com a chance de programar a lavadora de roupas à distância. Na manufatura, no entanto, a questão é um pouco mais profunda: são bilhões de dispositivos, já em utilização, que não podem ser simplesmente substituídos de uma hora para outra. Também, para a aplicação eficiente da IIoT, é preciso contar com acesso robusto à internet, sem o qual toda a operação fica em risco. E a gente sabe que nossa internet não é tão confiável assim, não é mesmo?

Mas como a IIoT muda todo o panorama da indústria? Veja alguns exemplos:

  • A internet deixa uma fábrica realmente inteligente. Sensores controlam os equipamentos de forma a prever manutenções e reparos, emitindo relatórios frequentes. Assim, os níveis de parada podem ser reduzidos a praticamente zero.
  • O controle de qualidade também é beneficiado por sensores, câmeras e testes com lasers, que automaticamente produzem informações sobre a conformidade da produção.
  • Os setores HVAC (aquecimento, ventilação e ar-condicionado) e de transportes são dois campos em que a IIoT já vem sendo amplamente utilizada, com o auxílio de equipamentos como termostatos e sistemas de controle de frota.
  • Para aperfeiçoamento de produtos, o controle de seu ciclo de vida é fundamental – e vem sendo propiciado por sistemas de IIoT. Receber informações sobre como o motorista está utilizando o carro, como ele consome o combustível ou como o motor se comporta em determinadas situações são ativos importantes para o setor automobilístico, por exemplo.
  • A IIoT segue a tendência de aproximação do cliente final com o produtor. Assim, mais do que simplesmente fabricar coisas, a indústria passa a atuar também em serviços, promovendo o monitoramento e a manutenção remota e antecipada de seus produtos a partir de plataformas on-line.

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Desafios para a smart manufacturing

Todo mundo gosta de mostrar a máquina nova, o novo sistema. Mas em toda fábrica há sempre aquela velha caldeira, que tem quase cem anos e dá conta da produção – ainda precisamos trabalhar um pouco para que nosso parque industrial esteja modernizado, não é mesmo? E a tecnologia é uma pegadinha: mesmo o maquinário comprado há relativo pouco tempo, como cinco ou dez anos, já está fora de esquadro com a IIoT.

Por outro lado, não adianta sair gastando os lucros que não se tem com equipamentos de última geração que podem não ser os mais indicados para o nosso negócio. Os altos investimentos envolvidos no setor por vezes engessam a atualização tecnológica. Outro fator complicador é a necessidade de que os sistemas sejam interoperáveis – ninguém vai renovar toda a fábrica ao mesmo tempo. A segurança de acesso também é preponderante para que os gestores possam confiar nos dispositivos inteligentes.

O melhor a fazer é ficar de olho no seu mercado e não perder de vista as inovações que podem alavancar seu negócio. Mais do que criar novos produtos, é momento de entender como o seu nicho está sendo influenciado pela a IIoT e quais os futuros possíveis para incrementar a experiência dos clientes, atendendo suas necessidades.

Ainda não sabe como sua empresa vai se encaixar nesse mundo em revolução? Fale com a gente! E siga nossa página no Facebook.

Edição: Svendla Chaves – Jornalista

Foto: Pixabay

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