O setor automotivo está preparando sua mais profunda transformação desde os tempos de Henry Ford. Mais do que simplesmente remodelar a manufatura, a mudança em curso está ressignificando a forma como entendemos a mobilidade. Essa indústria terá que recriar seus negócios ou corre risco de perder espaço para novos players. Os próximos cinco anos serão definitivos para definir quem sobrevive à transformação digital.
Com forte caráter tecnológico, o setor automotivo sempre se destacou no desenvolvimento de ferramentas para a excelência operacional. O aumento expressivo de produtividade, associado à busca da qualidade e da redução de custos, deu origem a sistemas avançados como a filosofia Lean. Foram incontáveis os avanços registrados nessa indústria ao longo do último século. No entanto, a maior parte deles esteve relacionada ao modo de produção. Agora, a evolução é impulsionada também por fatores externos, como tendências demográficas, tecnológicas e ambientais. E, claro, a experiência do usuário.
Sobram carros, faltam ruas, sobra poluição, falta petróleo. Estamos alterando diariamente nossa forma de nos relacionarmos com os objetos e com o consumo, vivemos a era do compartilhamento. A existência de veículos elétricos já deixou de ser novidade e se tornou demanda. Embora carros sem condutor ainda pareçam ficção científica, a indústria avança rapidamente. Há quem tenha trocado o volante pelo Uber ou mesmo pela bicicleta – ao mesmo tempo, cresce a venda de SUVs. Como o setor automotivo vai equacionar tantas tendências diferentes?
“As montadoras precisam virar fábricas de softwares.”
A frase pronunciada no ano passado por Bill Ford, bisneto do fundador da gigante automobilística, aponta o caminho. Tecnologias de inteligência artificial, machine learning e Big Data estão modificando o tipo de negócio realizado pela indústria. Afinal, ninguém quer ocupar o lugar da Kodak como case de fracasso por incapacidade de mudar de foco.
Carros autônomos e compartilhados
As transformações do setor automotivo serão bancadas pela tecnologia, mas não motivadas por ela. Todas as tendências previstas para o carro do futuro pela PwC estão relacionadas a demandas do mercado. O estudo aponta que o modelo mercadológico do setor será de veículos elétricos, autônomos, compartilhados, conectados e atualizados anualmente. E todas essas características devem se popularizar, em maior ou menor grau, até 2030.
No 67° Salão do Automóvel de Frankfurt, em setembro, a Audi apresentou o novo A8, já classificado como nível 3. Os cinco níveis de automação definidos pela Society of Automotive Engineers (SAE) vão desde dispositivos simples que auxiliam o motorista convencional (nível 1) até o veículo sem motorista (nível 5).
O nível 4, no qual o carro executa sozinho todas as funções, já está em fase de protótipo e deve chegar ao mercado na próxima década. A base da automação no setor automotivo vem de complexos sensores, câmeras e conexão em rede. Para chegar à aplicação do nível 4, é necessária conectividade robusta entre veículos (V2V) e entre veículos e infraestrutura (V2I). Além disso, aspectos regulatórios para esse sistema ainda precisarão ser estabelecidos ao redor do mundo.
Na hipótese de chegarmos ao nível 5 de automação, há um potencial gigantesco para o mercado de compartilhamento. O estudo da PwC aponta que o compartilhamento caminha junto com a automação, que irá possibilitar o incremento do primeiro. Reunidas, as tendências apontam que o número de carros nas ruas irá diminuir; mas a atualização constante vai aumentar o volume de vendas.
Para dar conta dessas mudanças, entretanto, o setor automotivo ainda precisa investir muito em pesquisa e desenvolvimento. A indústria tradicional está perdendo espaço, no avanço tecnológico, para empresas inovadoras como a Tesla de Elon Musk. Mesmo tendo grandes orçamentos para P&D, ainda falta investimento em softwares e serviços.
Setor automotivo e Big Data
O Big Data está por trás de todos os upgrades que vêm sendo realizados no setor automotivo. Desde o desenvolvimento de novos modelos e serviços a partir dos hábitos dos clientes, passando pelos dados que alimentam a automação de veículos e chegando nas análises preditivas que dão suporte à fabricação.
Os carros conectados são apontados como a galinha dos ovos de ouro na Internet das Coisas. A conexão beneficia o usuário – mas a vantagem vem principalmente dos dados que ele brinda ao sistema, e que podem ser valiosos para diversos setores. Pesquisa da Ford estima que 5,6 milhões de veículos estarão no mercado brasileiro em 2023. As informações oriundas desse manancial vão abastecer seguradoras, fabricantes e todo um novo ecossistema criado em torno da tecnologia.
Ainda não é possível avaliar todas as melhorias e inovações que surgirão a partir do desenvolvimento do setor automotivo. Seria um exercício de futurologia qualquer convicção do que nos espera em 15 anos. No entanto, as pesquisas e os produtos já existentes apontam um crescimento exponencial do volume de dados coletados. Sem nenhuma dúvida, cada vez mais precisaremos de sistemas eficientes de business intelligence para sustentar tanta informação.
O futuro do setor automotivo apresenta peculiaridades ao redor do mundo. O estudo da PwC, por exemplo, apresenta distintos cenários para Europa, Estados Unidos e China. De outra parte, o Brasil ainda encontra outras dificuldades econômicas, políticas e culturais para avançar. Em passagem pelo país no ano passado, Tim Sturgeon, pesquisador sênior do MIT, afirmou que precisamos de uma nova visão para a indústria, voltada para a especialização. A pergunta que fica é se vamos conseguir incrementar nosso olhar a tempo de acompanhar a transformação mundial do setor.
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Edição: Svendla Chaves – jornalista
Imagens: PublicDomainPictures e Blomst/Pixabay
Profissional de Excelência Operacional e Business Intelligence!
Sou um eterno aprendiz ou seja um pseudo-Engenheiro e Administrador de Empresas, embora nunca tenha sido um exemplo de “excelência” em Matemática, ao longo dos anos passo a maior parte do meu tempo tentando aprender a mesma e, particularmente, a estatística uma vez que, salvo muito engano, é ela que rege nossas vidas na busca da Excelência seja como pessoa ou como profissional.
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